Pensando na problemática que muitos pais e professores enfrentam no dia-a-dia na educação de crianças, é que pesquisamos sobre o tema: Mordidas, tapas e arranhões para sabermos lidar com a tal situação. E encontramos um material muito interessante. Espero que possa ajudar a muitos...
Roseli (Coordenadora Pedagógica do CEI)
Como evitar que seu filho
seja agressivo
(Foto:Kwaku Alston/Getty
Images)
Muitas mães têm medo de que o filho se torne uma
criança que morde os amigos. Natural: o bebê "violento" acaba alijado
do grupo na escolinha, na praça, onde quer que brinque, e ninguém quer isso
para o rebento - sem falar no temor de que aquele bebê de reações tão iradas se
transforme em um adulto agressivo. A opinião dos especialistas, no entanto, é
tranqüilizadora. A criança não vai virar uma pessoa violenta só porque de vez
em quando tasca uma dentada em uma bochecha desavisada. Não existe relação
entre crianças que mordem, batem ou puxam cabelo e adultos violentos. O hábito
de morder, geralmente, não passa disso - um hábito, desagradável, que deve ser
desestimulado. Entre 1 e 3 anos, abocanhar o braço do amigo é apenas a forma
mais fácil e rápida de acabar logo com a disputa por um brinquedo. Ou o jeito
mais eficaz de chamar a atenção. "A maior parte das crianças morde para se
comunicar, pois ainda tem limitações de vocabulário ou lentidão na articulação
das palavras", conta a psicóloga Helena Samara, dona de uma escola
infantil em São Paulo e testemunha de um sem-número de mordidas, tapas e
arranhões entre os pequenos. "A criança precisa interromper o que não lhe
agrada e obter o que deseja. Se não domina a comunicação oral, o jeito é partir
para o convencimento físico. “Nem sempre, no entanto, o ataque é um ato de
agressão”. Gislene Jardim, presidente do departamento de saúde mental da
Sociedade Paulista de Pediatria, esclarece que outra razão para as mordidas,
paradoxalmente, é gostar demais do colega: "É comum a vítima ser o melhor
amigo. “Elas mordem para se apropriar do que o outro tem de interessante”. Agredir
também pode significar insegurança, ansiedade. Algumas atacam a própria mãe em situações de
stress. A artesã Thaís Vianna, 38 anos, de São Paulo, conta que o filho, João
Pedro, hoje com 7 anos, era tão tímido que fincava os dentes em sua mão ao se
sentir envergonhado. Ele também mordeu amigos na escola. E, numa festa de
aniversário, pegou nada menos que o aniversariante. "Eu disse a ele que,
da próxima vez que fizesse aquilo, iríamos embora da festa. Não deu outra: na
festa seguinte, ele repetiu a dose e saímos bem na hora dos parabéns. Foi duro,
eu até chorei, mas o fato é que, depois disso, não voltou a acontecer."
Os pais têm um papel importante para ajudar a
criança a superar essa fase, quaisquer que sejam as razões por trás da
agressão. Algumas recomendações de como agir na hora H:
- Sem barraco - Por mais recriminadores que sejam
os olhares ao redor, não se deixe levar pelo impulso de repreender seu filho só
para mostrar que tem pulso firme. Expô-lo a uma bronca pública só vai aumentar
o nervosismo dele e talvez provocar uma reação ainda mais violenta.
- Hora do desarme - Afaste seu filho da
"vítima" e converse calmamente, perguntando por que machucou o amigo.
Se ele resistir em falar, ofereça alternativas (Ele te deixou bravo? Não te deu
atenção?), ajudando-o a expressar os sentimentos que geraram o comportamento
agressivo.
- Atos e consequências - Sem submeter agressor e agredido
a um acareamento nessa hora de tensão, mostre a seu filho o quanto ele magoou o
amigo. Não é o caso de fazer com que se sinta um crápula, mas de ensiná-lo a se
colocar no lugar do outro e perceber sua dor. Estimule um pedido de desculpas
voluntário.
- Vigilância - Separar a criança do grupo porque
mordeu um amigo não resolve o problema; ela vai reincidir em outras rodinhas. A
solução está em ensinar o convívio harmonioso. Por isso, o ideal é manter o
contato com o amigo agredido, redobrando a atenção para evitar novos
incidentes.
- Pesquisa de campo - Observe em que situações seu
filho apela ao recurso da mordida. Se identificar, por exemplo, que ele morde
por stress ou ao se sentir acuado, atue preventivamente. Isto é, ao perceber
que ele vai enfrentar a situação-limite, interceda ajudando-o a se expressar
por palavras e evitando a "comunicação física".
- No prejuízo - Se ele atacou um amiguinho para
conquistar um brinquedo, não permita que fique com o objeto obtido na base da
agressão. Ao sair ganhando com o que fez, seu filho tende a repetir o
comportamento.
- Sem voltar atrás - Se for necessário ameaçar com uma
punição, jamais recue na hora de aplicá-la. Suponha que combinaram o seguinte:
da próxima vez que a criança morder, ficará sem o carrinho de que tanto gosta.
Ela mordeu? Faça como Thaís, a mãe do início desta reportagem: seja firme e
cumpra o combinado.
Dar o troco piora a
situação
Ser
mordido uma vez pode ser azar ou acidente. Se isso acontece frequentemente,
pode sinalizar um pedido de socorro. Assim como quem agride precisa aprender a
se expressar para alcançar o que deseja, quem sofre a agressão tem de descobrir
como se comunicar para se defender. "Em geral, a vítima é uma criança
passiva, de reflexos mais lentos, que também acha difícil dizer que não gostou
do comportamento do amigo", observa a psicóloga Helena Samara, de São
Paulo. Porém, por mais que deseje ver seu filho reagir e se defender, nunca
estimule o revide. "Devolver a violência só cristaliza a agressividade na
turma. A relação entre os colegas ganha essa cara e fica cada vez mais difícil
interromper o processo", diz Gislene Jardim, da Sociedade Paulista de
Pediatria. Mesmo se sentindo ferida quando seu filho aparecer em casa com
marcas tente evitar o rancor. Explique a ele que o amigo não o machucou por
raiva e estimule-o a dar um retorno ao agressor dizendo-lhe no dia seguinte que
não gostou de ter sido machucado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário